terça-feira, 25 de novembro de 2014

πR²

É um privilégio saber que vou escrever e meus textos serão lidos. Nem que seja apenas uma olhada rápida ou uma leitura mais crítica e profunda, saber que alguns pensamentos organizados em palavras poderão tomar um tempinho da vida que alguém me traz profunda satisfação.

Mas é claro, ainda me aperta o coração o fato de ser uma voz insignificante. Em um momento em que todos falam ao mesmo tempo, ninguém realmente é ouvido. Falar para quê? Escrever para quê? 

Quem sabe minhas verdades, um dia, atinjam uma alma aberta. Quem sabe minha voz influencie algum coração vazio e desamparado. Quem sabe um dia eu pare de falar e ouça as atrocidades que saem das bocas alheias, tão absurdas e tão certas quanto as minhas.

Quando meu pássaro morreu, senti uma dor imensa, porém falsa. Uma dor artificial, uma dor de acordo com os estabelecidos pela civilização. Se há morte, há tristeza e consequentemente há lágrimas. Outros bichos meus de estimação morreram depois, mas nenhum me marcou tanto como meu pássaro tão almejado e tão maltratado... 

A partir daí, tudo se tornou apenas uma amostra de sentimento e de vida. Cada palavra proferida é uma verdade artificial, os suspiros são de desânimo e não mais de amor, as risadas são de nervosismo e não de alegria, o choro é de lágrimas falsas e a vida é de outra pessoa. Uma pessoas que não ouve, que não pensa, que ignora e que fala demais.

domingo, 2 de novembro de 2014

Bunnies

Banana was her business, e encarar os outros sua brincadeira preferida.

Comecei a encarar um homem de meia idade no café perto de casa, e ele periodicamente retribuía o olhar. As pessoas as vezes não sabiam ou não tentavam acertar, mas a umidade em meus olhos não era por causa do vapor do café, mas do tempo seco que fazia dentro de mim.

Acidentalmente, meu peito começou a queimar, meu corpo a tremer, meu rosto a se enrugar e se banhar. Achei que fosse morrer de dor, raiva e tristeza, mas só esperei passar, e como sempre, passou. Passou mas ficou como parte de mim, essa melancolia infinita.

Falar de sentimentos sempre me foi uma tarefa impossível de se realizar, mas explicar a luz e seus reflexos na terra é muito fácil. Fácil até chegar o céu e acabar com tudo, e me puxar com suas nuvens e me derrubar bruscamente no chão... Como se eu fosse uma pedra de cimento, um pedaço de parede arrancado para amenizar a enchente do mundo.

Era muita paz pendente, muito desespero e euforia guardados, se manifestando em mim. E quando eu olhei para os lados, as nandinas e as glicínias me deram uma vontade imensa de ir correndo para o Japão.