sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Ah, o amor

- Não foi nada demais, só mais um caso ao acaso.

- Eu não diria isso levando em conta os dezessete encontros que tivemos.

- Diga isso ao advogado e veja oque ele acha, suas palavras só vão servir no tribunal querida, você quer o divórcio ou não?

- Não me diga divórcio, se não saio dançando por aí.

- Ah, e mais uma coisa, meu cobertor, você sabe que eu não vivo sem ele, está na sua lista de devoluções.

- Te devolvo quando tiver de volta o boneco Ken que te emprestei há dez encontros. Aposto que está usando naqueles seus tanques camuflados outra vez.

- E está sendo melhor utilizado agora. Ele detestava ficar com as suas Barbies, tem masculinidade correndo debaixo daquela pele de plástico bronzeada.

- Diga isso pro suéter que ele pegou emprestado da minha Barbie Malibu.

- São roupas, blergh. Isso não quer dizer nadica de nada. Como aqueles seus vestidos de florzinha, só de pensar neles fico com enjoo.

- Você adorava aquele verde que eu sei...

- É verdade... Deixava seus cabelos mais loiros do que já são...

- Bom... Pode ficar com o Ken se você quiser. Minha mãe disse que ia comprar uma Polly pra mim mesmo.

- Obrigada... Mas vai ter que devolver o cobertor de qualquer jeito.

- Eu sei, eu sei. Mas a gente ainda pode ficar de bem, certo?

- Acho que sim, o Luís é sempre chato pra brincar de advogado mesmo.

- E a Márcia como juíza é muito chata, tem que ser tudo do jeito dela, argh!

Os dois sorriram simultaneamente e se casaram e separaram outras várias vezes, enquanto corriam pelo jardim de mãos dadas levando pelo gramado a simplicidade de um amor de verdade.