sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Hipermetropia

Chega a dar dó, ver ela assim tão confusa, pobrezinha. Tão experiente com relação aos problemas dos outros e tão tola com os próprios. Deve ser assim mesmo, quanto mais próximo os problemas estão, pior é a visão que temos deles. A hipermetropia da vida é o problemas de todos os covardes, não é totalmente uma escolha, é quase uma doença. Vai se agravando se deixarmos de lado, vai se amontoando com outros tipos de problemas.

São muitos problemas para um único parágrafo, eu sei. Mas qual problema é tão grande quanto aquele que carregamos dentro de nós mesmos? Impregnado em nossos olhos, ele só faz a crescer, e deixamos que ele cressa e tome conta de nossa vida. Deixamos de enxergar então, nossa consciência fica cega, e tudo o mais parece normal, quando está na verdade banhado pela hipermetropia social.

No aquário errado

Tudo oque eu queria era ser adorada, apenas, ser adorada pelo que sou. É muito a se pedir? Oh Deus, por favor não me castigue pelo aparente egoísmo. Eu sou apenas uma garota que não quer crescer e enfrentar todas essas pessoas frias. Estou fazendo o máximo, e o senhor sabe disso.

Meus pais, eles foram levados a muito tempo atrás, eu era apenas um criança de 5 anos, mas lembro de tudo, como se fosse ontem. As luzes, aqueles seres gigantescos e brancos, totalmente carecas usando um sobretudo preto, eles os levaram para seu planeta, muito, muito longe daqui. Desde então, não sou adorada por mais ninguém, meus pais eram os únicos que podiam me proporcionar este sentimento que tanto me falta agora.

Ultimamente tenho ouvido algumas vozes nos meus sonhos, como se fossem avisos, algo como "sua bolsa... diga adeus", não é nada demais, eu sei, tão pouco faz sentido, mas eu acordo tão angustiada e solitária que começo a chorar, e me questionar se Deus realmente está comigo, mesmo sabendo que ele está em todos nós ao mesmo tempo por inteiro, e que nos adora. Mas está sendo tão difícil...

Está tão frio, tão seco. As pessoas são mesmo miseráveis, só pensam nelas mesmas! Não medem mais palavras, não sentem mais empatia, não... Não vivem mais, elas só... Argh, que vontade de matá-las! Perdoe-me.

Talvez eu seja mesmo egoísta, eu só não consigo aceitar esse modo de "viver", tão sério, tão... Cinza.

Oh me mate se for preciso, só não quero mais ter de viver num lugar onde essas criaturas rastejam.

Mas o que é aquilo? Um avião? Não, são eles, os mesmos seres que apareceram 15 anos atrás, eles vieram me buscar. A energia que me levanta é tão... Oh estou tão feliz, finalmente, poderei me sentir adorada novamente, pelos extraterrestres, não... Por meus pais.

Estou nas estrelas! Mas minha bolsa ficou, ali naquele asfalto quente, e anos se passaram, e ninguém percebeu.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Estrela cegante

"Você é a garota de suas histórias."
Disse Cláudio tão convicto que barrou qualquer palavra que Clarisse pudesse proferir ali, naquele momento.

Tão encantador como sua face se enrubescia toda vez que recebia o beijo dele, e como as borboletas em seu estômago nunca cansavam de se agitar.
Já iam fazer 5 meses, e eles agiam como se fosse a primeira vez, as palavras, o amor, tudo. Nada havia saído do lugar, nenhuma palavra era massante demais para aqueles corações, e nenhuma situação chagava a fazê-los duvidar de sua paixão.

Como ele descobrira? Afinal, escrevia de modo tão indiferente sobre seus personagens que qualquer um pensaria que eram apenas fictícios. Estava certo de qualquer modo, ela era sim a garota de suas histórias, errante e tola. Cláudio fora a única pessoa por quem Clarisse declarara amor, talvez seja por isso que podia entende-la com mais clareza, ou realmente a amava tanto que chagava a saber de mais coisas que ela própria.

Os dias passavam tão felizes ao lado dele, o tempo parecia não fazer mais sentido, tão sem sentido era então que acabava por esquecido.

Uma imensidão de cores era sua vida agora, e nada, absolutamente nada podia desbotar aquela felicidade.

sábado, 8 de setembro de 2012

Nada

Canso, logo esqueço.
Quão vazia é então minha vida repleta de esquecimentos.
Mas... e quando eu me cansar da vida?

O ventre em que nasci, o paraíso em que vivi, o inferno em que queimei, nada e nenhum lugar se compara ao que hoje sinto, um vazio inexplicável, que cresce a ponto de me matar por dentro , a ponto de me fazer um nada, apenas um corpo que anda e sobrevive. Nem desgosto eu sinto mais, não sinto nada, isso é o pior, é como se eu fosse um robô velho e defeituoso.

A melhor solução então seria livrar o mundo da minha presença, não faria diferença alguma mesmo, uma lápide nova no cemitério surtiria mais efeito do que meu corpo rastejante. Mas eu ainda quero sentir. Oh como eu quero voltar a sentir! Uma trouxa que ama, ou uma tola sofredora que seja. Deus, trocaria todas as minhas calças por isso...