quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Pra voltar

A insanidade tomou conta de mim, assim como alguém que chega só pra dizer oi, e acaba ficando para o resto da vida, fazendo-se parte da sua rotina.

Não ligo mais para finais sensatos, ou para uma introdução chamativa, importo-me apenas com o conteúdo da história que quero contar. Hoje estou particularmente sem inspiração. Veio-me a vontade de escrever, vieram-me as idéias, então veio-me o esquecimento e o declínio. Para então melhorar, estou aqui, contra o meu querer.

O que dizer então do dia 13 de janeiro? Muitas pessoas morreram, muitas pessoas nasceram, muitos papéis foram jogados no chão, muitas descargas foram dadas, muitos chuveiros foram ligados, muitos beijos foram roubados, muitas lágrimas foram choradas, muitos sorrisos foram deleitados, e muito ócio foi valorizado. Quantos de nós, agora questiono, quantos de todos nós humanos lindamente sentimentais, esquecemos, seguimos em frente, e lamentamos depois?

Acabou. Derreti-me com tanto amor que sinto por mim mesma. Todos estavam dormindo enquanto o mundo caia em ruínas e se desmanchava nas lágrimas da decepção. Quando foi que ficamos tão feios?

sábado, 17 de novembro de 2012

Nuvens e rabiscos de luz

Não! Não está nada certo, nada! E isso é tão bonito.

É difícil, realmente, muito difícil pensar em apertar o caps lock sempre que vou colocar um "é" no começo de algum parágrafo. São coisas cansativas, massantes, tão insignificantes, mas tão intrigantes, que me deixam assim, exausta. Exausta, tão exausta que vou voltar à fazê-lo, pois parece-me tão bonito, e é realmente.

É bonito demais para parecê-lo. Não parece mesmo não é? Afinal, o que tem de bonito nessas coisinhas pequenininhas do dia-a-dia? Talvez, se te faltasse os braços, ou os dedos, ou o cérebro, isso faria mais sentido. Talvez, até, tu já tenha os perdido...  Talvez, nem lendo isto está, por lhe faltarem os olhos. Ou a alma.

Só acho que devíamos parar de rir calçando saltos. A vida é tão bonita que não deviam ter lhe furado os olhos, pobrezinha. 

Pobrezinha, pobrezinha nada, pobrezinhos de vocês, que não a enxergam. Tenho vontade de rir de todos, calçando minhas pantufas. Ela está lá, bonita como nunca, mas ninguém consegue parar de olhar só para o próprio umbigo... E que umbigo...

O mundo inteiro num umbigo imaginem só. Que utopia seria então o desejo deles? Não ter nunca se separado do cordão umbilical?

O fato é que nada está certo aqui, tão errado que está, que fica até bonito de se ver. Toda essa bagunça, todas essas mentes tortas, toda essa melancolia, todo esse sangue derramado, todos esses cabelos arrancados, todos esses óculos quebrados... Está tudo propositalmente bagunçado, pra que a arte seja feita. Para que a vida seja arte.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Vem ver

Decidida a escrever, pus-me a limpar os óculos. Mas escrever assim sobre o que? Sobre quem? Afinal, qual seria a resposta certa para a pergunta que sempre fazem... de onde vem tanta criatividade? Do ócio talvez... Por ser uma coisa bonita de se por em palavras. Quantos dias terei que passar então em vão para fazer as palavras darem certo? Quantas angústias terei que sentir até torná-las bonitas de se ler?

Pois quem vê beleza no ócio, olha com desconfiança a felicidade que lhe bate a porta, e ao deixa-la entrar, mantém distância suficiente para afirmar ainda que tristeza faz bem ao pensamento, e que reclamar da vida é o novo pretinho básico, todos usam, todos falam, todos concordam, ninguém desconfia.

Ninguém desconfia que bons textos são escritos pelos sentimentos, ninguém desconfia que ao estar aqui escrevendo me sinto apaixonada, e totalmente entregue ao amor, ninguém. E ao mesmo tempo, pego-me deitada no sofrimento, ou vejo-me não vendo nada além do que todos vêem.

Odeio tudo aquilo que amo, mas amo mais do que odeio, pois quando há amor, o ódio não tem mais importância alguma. Assim como sinto necessidade de rir da vida, e não lamentar por ela, afinal, a vida é uma comédia, de humor irônico e até inteligente, que ri de nós quando não rimos dela. 

Decidida a escrever, escrevi sobre oque escrever. E antes de apagar este texto, escreverei só mais uma coisa, uma coisa que pertence aos meus melhores sentimentos, aos meus mais cômicos pensamentos, e ao meu ócio inseparável. Que quanto mais eu escrevo, mais eu vivo, mais eu penso, mais eu sinto, mais eu amo.