sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A escola A

Imaginem um grande filósofo sendo ressuscitado nos tempo de hoje. Quando digo "grande filósofo" me refiro à alguém como Platão, não um integrante dos sofistas, não, não os chamem de filósofos.


"Como pode, em um futuro tão distante a humanidade não ter evoluído nada em termos de reflexão? Ou melhor. Ou pior! Como pode a humanidade ter regredido tanto?"



Seriam suas palavras. E provavelmente se enforcaria desgostoso. Acredito eu, uma garota que faz parte dessa humanidade tão pouco evoluída...

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O monstro verde

Eu tentei, juro pra você caro leitor que tentei! Mas tentar... tentar não é conseguir.

Sua boca continuava a me perturbar, dizendo palavras tão insinuosas e marcantes. Fechava meus ouvidos, apertava-me a cabeça, arrancava-me os cabelos, gritava! Mas não conseguia tirá-la da mente. Meu maior amor, minha maior decepção.

Usar outras pessoas como modo de fazer a esquece-lá de nada adiantou, saí com uma ou duas mulheres depois daquilo, mas nenhuma delas me atingiu como fizera Clarice.

No dia em que tocamos juntos, meus dedos nos dela e vice versa, eu sabia que aquela era a única que conseguira derrubar o grande muro que demorei anos a construir em volta dos meus sentimentos. Sem proferir nenhuma palavra nós tocamos o piano daquela sala mal iluminada, que era minha preferida de todo o prédio, foi melhor assim pois ainda não dominava por inteiro a língua portuguesa, havia voltado da França há um mês e meio, dois no máximo.

Sejamos felizes então ao saber do sentimento mútuo. A verdade era que eu amava Clarice e ela a mim. Com uma pequena diferença quanto a intensidade do sentimento, coisa pouca e relevante. Coisa que não devia ter ignorado naquela época.

Os dias passaram lindos, lindíssimos! Algumas diferenças descobertas ali, outras semelhanças aqui, outras brigas mais pro lado de cá... E assim foram até a morte. Minha e do nosso amor.

Eu a amava e não restava dúvida. Mas Clarice estava um tanto insegura quanto a isso, pela minha falta de demonstração talvez. Não, talvez não, fora totalmente por essa razão.

Lembro do pedido egoísta que fizera para ela logo no começo de nosso namoro. "Prometa que será minha e apenas minha. Ande prometa." E ria como se acreditasse em todas as palavras ditas por aquela mulher.

Como as nuvens densas chegavam acabando com a promessa de um dia ensolarado, nossos dias de namorados também enevoaram-se. Enevoaram e se molharam com a maior tempestade que viria a cair.

Tudo oque vi foi um garoto de cabelos azuis, alto, e com a Minha Clarice entre os braços. Minha vontade foi de matar, ambos. Me contive em separá-los com um empurrão tão forte que fez o garoto arregalar os olhos de surpresa, e não disse nada, as palavras simplesmente não saiam, estavam presas, e meu corpo fez o trabalho de expressa-las. Peguei-a pelo braço, enquanto esta me fitava como se pedisse desculpa com os olhos. Sentia tanta culpa e desprezo de sua parte que a vontade de se desculpar agora era minha, tendo sido um homem tão incompreensível e egoísta em todo o nosso relacionamento. Perdi minhas forças, soltei seu braço, senti meu rosto se molhar, e morri. Morri e continuei a andar.

Até hoje evito reconstruir meu ser, meu ser que era tão dela, e que se desmoronou no que eu achava que era tão nosso, e só nosso.