tag:blogger.com,1999:blog-56387780882540713512024-03-12T23:34:15.378-07:00Escape LiterárioNão preciso de mais nada, além do amor de quem eu amo. (uma inocente tolice)NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.comBlogger82125tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-10819008307629419902022-04-29T20:27:00.005-07:002022-04-29T20:27:34.344-07:00O Peixe<div style="text-align: center;"> <i>Não sei bem quando isso começou a acontecer, só sei que um dia indo ao trabalho de ônibus, percebi que um filhote de peixe estava nascendo na ponta do meu dedo anelar direito. Mesmo sabendo que nada havia ali, eu sabia que essa criatura prematura emergia da extremidade do meu corpo, me fazendo sentir de certa forma feliz e transtornada.</i></div><div style="text-align: center;"><i><br /></i></div><div style="text-align: center;"><i><span> Diversas vezes o tocava e olhava com atenção na espera de que ele saísse dali, mas nada acontecia.</span><br /></i></div><div style="text-align: center;"><i><span><br /></span></i></div><div style="text-align: center;"><i><span> </span>Tão repentino foi seu surgimento quanto seu desaparecimento, ainda dentro do ônibus ele se foi, deixando um vazio que não estava ali antes, como se eu mesma tivesse fugido dali.</i></div><div style="text-align: center;"><i><br /></i></div><div style="text-align: center;"><span><i> Vivo bem sem ele, como antes já fazia. Acredito que vivo até melhor após esse acontecimento. Foi como se o filhote de peixe me levasse pra outro lugar, numa outra dimensão, quando eu era mais jovem, onde o tempo passava mais devagar e as questões que me perturbavam eram mais dignas.</i></span></div>NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-15042111455663078322019-01-15T15:41:00.002-08:002019-01-15T15:53:44.965-08:00Casa<div style="text-align: center;">
<i>Sentada em minha cama numa noite de Verão, quando o clima da estação nos faz acreditar que nada de ruim pode acontecer, me banhei em lágrimas.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>À minha frente, a imagem de uma mulher nua, esguia e perfeita. Sua pele dourada envolve todo seu corpo de forma aveludada e natural, seus ossos se sobressaem abaixo do pescoço, seus lábios são perfeitamente desenhados para falar, rir, cantar, chorar e amar, seu nariz com dois orifícios que nos levam ao mágico universo dos aromas, seus olhos são redondos e brilhantes, tristes e aguados e me encaram também e suas orelhas, dois decifradores de enigmas sonoros.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>É perfeita, da cabeça aos pés.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Ainda em lágrimas me coloquei a pensar como nosso corpo feminino já nasce, se desenvolve e vira pó carregado de julgamentos. Somos julgadas pela cor da nossa pele, pelo formato dos nossos seios, pela gordura do nosso corpo, pelos nossos pelos corporais, pelo modo que movimentamos nosso corpo, pelo uso de nosso ventre e pelo nosso modo de pensar e agir.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Como pode meu corpo ser tão do outro quanto meu?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não pode e não é.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>A imagem que vejo no espelho, o corpo que sinto na ponta dos meus dedos, a face pela qual minhas lágrimas escorrem pertence a mim.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>É a minha casa, é o meu abrigo e eu a amo.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>E ninguém vai derrubá-la.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-50941610402164760982018-01-01T18:22:00.001-08:002018-01-01T18:22:17.866-08:00Happy New Year!!<div style="text-align: center;">
<i>Quantas vezes a tristeza profunda e incendiante foi substituída por vazio e insatisfação? Você consegue se lembrar de quantos choros foram sufocados até se perderem naquele espaço escuro da sua cabeça onde se reúnem todos os sentimentos "anormais"? Será que já nos afundamos tanto no cotidiano pútrido a ponto de não sabermos mais sofrer? Quantas vezes tivemos que dizer para nós mesmos que "vai dar tudo certo" até realmente acreditarmos nisso?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Pra falar a verdade, todas essas resoluções de ano novo nunca fizeram menos sentido pra mim quanto hoje. Não sinto mais a esperança de um bom ano, de uma nova oportunidade de fazer as coisas darem certo ou de motivação para continuar tentando.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
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<i>Pra falar a verdade, neste exato momento eu estou em prantos, desesperada sobre o futuro e não sabendo lidar com esse tempo que não para de andar. Há uma cratera escura e sem fim no meu tronco sugando todas as minhas energias positivas, e ela ri de mim e joga bem na minha cara toda a insegurança que eu tentei esconder por toda a minha vida até hoje.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não sei quantas foram as vezes que tive que passar por situações como as ditas acima, mas sei que quando percebi que não queria mais isso, que um novo ano poderia acabar com todo o pessimismo e melancolia, quando isso veio a tona eu senti a pior sensação que se pode ter neste momento, a de que eu havia morrido. Finalmente eu pude perceber que estava presa, que não existe essa de "Novo ano, nova pessoa" ou "Novo ano, nova vida". Somos o que somos e fizemos do que vivemos agora a nossa prisão, não se escapa de tamanha tristeza nem de tamanha angústia, assim como não se escapa de momentos incríveis que vivenciamos. Não há saída e o fim é inevitável e certo. Esse peso que você sente nos pulmões, essa vertigem de todos os dias, essa sensação de que cada dia mais a sanidade acaba escapando pelos seus poros, isso não é a vida te apressando, dizendo que nunca nada vai ser bom o suficiente, que não seremos capazes de lidar com o futuro, a velhice e a loucura, isso é você percebendo cada vez mais que é responsável pela própria vida e que nada vai mudar com a sua bunda se afundando nos pelos desse coelho gigante.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-42084202862768418572016-11-15T16:21:00.000-08:002016-11-15T16:21:10.438-08:00She's lost control<div style="text-align: center;">
<i>O tédio me trouxe aqui novamente. Não a falta do que fazer, mas a vontade de ter que cumprir com todas as minhas responsabilidades.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
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<i>Outro dia, enquanto estava dando uma volta no bosque encantado que existe debaixo da minha cama, avistei uma menininha, na verdade uma mulher, tão pequena e frágil que chegava a dar medo. Fui conversar com ela, que parecia um pouco incomodada com a fumaça do meu cigarro e quando cheguei mais perto, percebi que ela era um homem velho. O rosto, o corpo, o jeito de andar eram os de uma frágil mocinha, mas o coração era de velho, as palavras eram de velho e o olhar também. Me assustei, o cigarro caiu da minha boca e formou uma pequena chama na grama sob meus pés na qual apenas dei umas pisadas e apaguei, foi-se como fumaça, pobre chama... A menina, garota, mulher, homem velho, saiu correndo me mostrando o dedo do meio... Fazer o quê? Eu também era um homem velho, um homem velho e drogado.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Foi então que, sozinha em meu quarto sentada na parte mais fria e vazia, eu percebi o quão aquilo era uma besteira gigante! É lógico que aquela menina era um homem velho! Assim como ela podia ser uma garotinha frágil e assim como ela poderia ser uma velha ranzinza. Assim, como eu não aparento ser um velho safado, ela não aparenta ser seja lá o que for, tanto faz a cara, o corpo, o jeito de andar, é tudo fachada.</i></div>
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<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não lembro qual foi a última vez que me senti equivocada assim sobre alguém, mas sei que isso não vai acontecer de novo, porque ninguém é ninguém e todo mundo é qualquer um.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-77615635114776474252016-06-15T22:41:00.001-07:002016-06-15T22:41:04.931-07:00"Desfrutem aí dessa bagunça"<div style="text-align: center;">
<i>Me posicionei bem em minha cama, coloquei pra tocar a trilha sonora do meu desenho preferido e procurei as palavras certas para colocar aqui. A procura foi porém cansativa e triste, pois pior do que sentir tudo o que sinto é saber que não há palavras que possam transcrever tamanha decepção e tristeza.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Todos os dias me sinto tão imersa nas injustiças do mundo, tão indignada com a vida e os rumos que a mediocridade humana toma. Todos os dias me sinto extremamente triste por não encontrar resquícios reais de amor, honestidade e bondade. Mas sequer consigo me posicionar diante disso. Talvez por medo ou fraqueza, não sei. Só sei que constantemente meus olhos marejam, minha garganta aperta e meu peito queima, e a única coisa que peço é que todos consigam enxergar o quão vis estão sendo. </i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Sempre que vou ao médico, tenho um enorme desejo de que ele possa sentir o que eu estou sentindo, pois muitas vezes simplesmente não é possível descrever como é a dor que sentimos, se é como uma pontada, uma pulsação, uma ardência... As vezes só dói de um jeito que não da pra explicar! Ou dizer quando dói mais ou qualquer outra coisa. E qualquer resposta me deixa apreensiva, e se eu caracterizar meus sintomas de um jeito errado e por isso algum câncer maligno não for diagnosticado? E se por isso ele me receitar um remédio errado que agrava mais minha doença?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Eu ia escrever, e antes de apagar toda essa tentativa sem nexo algum,eu... Bom, eu não vou apagar mesmo, então desfrutem aí dessa bagunça.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-58729926845002888952016-06-15T22:38:00.000-07:002016-06-15T22:38:46.800-07:00Blur<div style="text-align: center;">
<i>Eu só queria minha vida de volta.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não lembro muito bem, mas creio que a maioria dos textos que escrevo para o blog não estão em primeira pessoa, mas esse aqui é um grito no meio do escuro que eu não podia mais segurar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Fazem alguns anos que deixei minha vida lá num cantinho frio enquanto vivia uma novinha que era de nós dois. Como já disse, qual a graça da vida se não reclamar da mesma? E com essa não podia ser diferente. Fui vendo-a se despedaçar pouco a pouco, ficar suja e bem machucada, mas ainda gostava dela, gosto na verdade, reclamava sim quase sempre, mas era minha, nossa vida agora. </i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Quando criança, tinha um tênis que eu amava demais, estava sempre o calçando, mesmo quando a sola furou no calcanhar e ele já estava bem velhinho continuava usando-o, mas um dia descobri que minha mãe havia jogado o par de tênis no lixo pois estavam gastos demais... Fiquei muito triste mas depois me conformei e entendi, por mais que gostasse daqueles sapatos, usá-los gastos não fazia o menor sentido. Acho que muitas coisas podem ser comparadas a usar um sapato gasto, muitas vezes insisti pra que algo desse certo, apenas porque gostava muito de alguém e havia passado momentos maravilhosos ao lado dessa pessoa, mas assim como qualquer coisa, as relações se desgastam, as pessoas mudam e se distanciam, as ideias começam a divergir e de repente nos vemos caminhando por trilhas diferentes, e de nada adianta conservar um relacionamento aos trapos.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Porém é difícil e doloroso decidir se livrar do par de sapatos preferido, assim como o é se despedir de alguém. A dor da morte e o medo do desconhecido... No momento soluços tomam conta da minha garganta e as lágrimas esquentam o meu rosto, estou morrendo de medo e me derretendo em tristeza, odeio despedidas. Mas não precisa ser mesmo uma, certo? Ninguém sabe bem os sapatos novos que um dia terão, e ninguém sabe bem se não seria melhor apenas trocar as solas do sapato velho. Independente da resolução, sigo com meu luto precipitado.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<br />NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-10755467984475078742015-09-06T22:32:00.001-07:002015-09-06T22:32:39.752-07:00Cegueira<div style="text-align: center;">
<i>O que você vê?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Ando pensando muito enquanto ando de ônibus, e ando andando muito de ônibus. Mas quando ando de ônibus, não estou mesmo o fazendo. Nem mesmo vejo a paisagem que corre através das janelas. O que eu vejo então? O que há de mais para se ver? </i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Já vi as estações passarem, pessoas morrendo, casais se amando, dinheiro caindo. Já vi coisas que ninguém mais poderia enxergar, coisas do universo e coisas da imaginação. Momentos tristes, momentos alegres, vi coisas que não gostaria de ver...</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Mas ainda há muita coisa para se ver. Ver não apenas com os olhos, ver com a alma, ver sentindo, ver sorrindo, ver chorando e gargalhando. Há tanta coisa no mundo, tantas coisas horríveis e inacreditáveis, tanto medo e tanto amor, tanto ódio e rancor. E ainda consigo ver a luz que reflete esta frágil e gentil face de esperança, dizendo para continuar. Mesmo quando a escuridão nos bloqueia a visão, mesmo sem ver, ela estará lá. E é por isso que eu não me importo com o que vejo. Senti-la, já é o mais que o suficiente.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-12128731495470132442015-04-21T18:03:00.000-07:002015-04-21T18:26:11.522-07:00Melhor não mexer <div style="text-align: center;">
<i>Um dia fui achada na praça, como uma gata abandonada. Ele me levou pra casa, me alimentou e me deu muito carinho, meu novo companheiro era muito bonzinho. As vezes ainda tentava fugir de novo, ficar sozinha, mas havia algo nele que não me deixava fazer isso, então eu fiquei e fiquei e fico até hoje.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Mas ando muito cansada... Meus pés só andam se eu arrastá-los, e preciso fazer muita força pra pensar. Alegria é algo que eu não consigo mais sentir e nem tenho vontade. Meu companheiro as vezes entende, mas as vezes também se cansa, as vezes também sente, as vezes não faz nada.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não sei se nos ajudamos assim, nem sei por que não saio correndo pra bem longe. Talvez por preguiça ou por realmente existir algo maior que me prenda a ele, não sei. Por enquanto ta bem bom assim e é melhor deixar do jeito que está, mesmo não conversando direito ou querendo me matar sempre que alguma coisa dele vem a minha mente, ou até mesmo começar a chorar quando penso nele. Ta bem bom assim, eu acho.</i><br />
<i><br /></i>
<img src="http://www.outer-borough.com/img/works/TAK_op_Noshi.jpg" /></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-79107178069241008812015-01-01T21:33:00.001-08:002015-01-01T21:33:03.907-08:00Aonde foi o príncipe encantado?<div style="text-align: center;">
<i>Para onde foram aqueles príncipes das histórias encantadas? Onde podemos achar aquele homem - se é que podemos chamá-lo homem, tão desconstruída sua imagem - que nos fará acordar desse pesadelo horrendo? Em qual direção devo seguir para cair em mim e parar de acreditar nesses absurdo de príncipe encantado?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Imaginem um homem da Idade Média, - tempo em que a maioria dos contos de fadas acontecem - tentem lembrar um pouquinho das suas aulas de história e usar o mínimo de bom senso e realismo. Será que ainda da pra acreditar que uma donzela poderia ser acordada com o beijo de amor verdadeiro de um príncipe bem limpinho, generoso, bonito e apaixonado? Não que realmente alguém tenha chegado a acreditar, além de ser praticamente impossível existir um homem com esse perfil na época, não existe esse tipo de amor verdadeiro.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Mas as vezes as pessoas tem tanta vontade de acreditar nesses filmes, nessas histórias, que acabam se frustrando a cada relacionamento falho. Cada vez que, ao invés de viver feliz para sempre com "a pessoa amada", você acredita que a qualquer momento pode se atirar na frente de algum caminhão; cada vez que a madrasta é mais legal que sua própria mãe; e cada vez que uma casa de palha se mostra mais resistente que uma casinha de tijolos com o teto de vidro, você ignora e acha que sua vida está errada.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>O mundo é cruel, bem vindos a realidade. Crescer com o martelo dos contos de fadas na cabeça nos faz esquecer da lição mais valiosa que existe nessa vida, que não existe bem ou mal, não existe feliz para sempre, ninguém virá te salvar em algum momento de apuro. Nesse mundo existem pessoas, que de tão iguais as vezes acabam brigando, e de tanto apreço que sentem umas as outras, acabam se decepcionando. Mas por mais que você sofra, se sinta incapaz, covarde e amedrontado, ninguém poderá andar por você. Não espere ser acordado por algum príncipe encantado, a realidade está ao seu redor e ninguém irá pegar na sua mão e te levar ao caminho certo. Se existe algum herói na sua história, esse herói é e sempre será unicamente você.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-59872562056052639902014-12-20T12:32:00.001-08:002014-12-20T12:32:09.250-08:00Geração torcicolo<div style="text-align: center;">
<i>As crianças cresceram e suas cabeças estão voltadas para baixo. Os olhos vidrados nas telas de um lugar diferente do que estão, um mundo abstrato, incrível e emburrecedor.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
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<i>Uma estranha definição é feita, aquela de que os que não conversam e interagem são os mais bem sucedidos. Eles fazem parte da sociedade virtual insana.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Assim, nosso papel acabou por ficar extremamente complicado e confuso. O que pode ser definido como absurdo, tolerável, certo, errado, bom, ruim, real ou virtual? O que vai acontecer com a geração torcicolo quando seus manipuladores pararem de ser abusivos, preconceituosos, persuasivos e emburrecedores?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Creio estar equivocada em minha pergunta. O questionamento correto é "O que está acontecendo?"</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Ao mesmo tempo que nossos rostos estão virados para a incrível maquina do universo, nossas mentes escolhem ter o que há de pior nele! O que há de mais banal e sucintamente chocante, mas tentador o suficiente para nos fazer expor atrocidades confusas e falsamente verdadeiras.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>As crianças cresceram e estão perdidas, sem saber qual o melhor passo a seguir: o da máquina do universo ou o da rejeição social.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-18090019309776431252014-11-25T21:35:00.003-08:002014-11-25T21:35:46.464-08:00πR²<div style="text-align: center;">
<i>É um privilégio saber que vou escrever e meus textos serão lidos. Nem que seja apenas uma olhada rápida ou uma leitura mais crítica e profunda, saber que alguns pensamentos organizados em palavras poderão tomar um tempinho da vida que alguém me traz profunda satisfação.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Mas é claro, ainda me aperta o coração o fato de ser uma voz insignificante. Em um momento em que todos falam ao mesmo tempo, ninguém realmente é ouvido. Falar para quê? Escrever para quê? </i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Quem sabe minhas verdades, um dia, atinjam uma alma aberta. Quem sabe minha voz influencie algum coração vazio e desamparado. Quem sabe um dia eu pare de falar e ouça as atrocidades que saem das bocas alheias, tão absurdas e tão certas quanto as minhas.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Quando meu pássaro morreu, senti uma dor imensa, porém falsa. Uma dor artificial, uma dor de acordo com os estabelecidos pela civilização. Se há morte, há tristeza e consequentemente há lágrimas. Outros bichos meus de estimação morreram depois, mas nenhum me marcou tanto como meu pássaro tão almejado e tão maltratado... </i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>A partir daí, tudo se tornou apenas uma amostra de sentimento e de vida. Cada palavra proferida é uma verdade artificial, os suspiros são de desânimo e não mais de amor, as risadas são de nervosismo e não de alegria, o choro é de lágrimas falsas e a vida é de outra pessoa. Uma pessoas que não ouve, que não pensa, que ignora e que fala demais.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-4829578071793793442014-11-02T20:49:00.000-08:002014-11-25T21:42:54.748-08:00Bunnies<div style="text-align: center;">
<i>Banana was her business, e encarar os outros sua brincadeira preferida.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Comecei a encarar um homem de meia idade no café perto de casa, e ele periodicamente retribuía o olhar. As pessoas as vezes não sabiam ou não tentavam acertar, mas a umidade em meus olhos não era por causa do vapor do café, mas do tempo seco que fazia dentro de mim.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Acidentalmente, meu peito começou a queimar, meu corpo a tremer, meu rosto a se enrugar e se banhar. Achei que fosse morrer de dor, raiva e tristeza, mas só esperei passar, e como sempre, passou. Passou mas ficou como parte de mim, essa melancolia infinita.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Falar de sentimentos sempre me foi uma tarefa impossível de se realizar, mas explicar a luz e seus reflexos na terra é muito fácil. Fácil até chegar o céu e acabar com tudo, e me puxar com suas nuvens e me derrubar bruscamente no chão... Como se eu fosse uma pedra de cimento, um pedaço de parede arrancado para amenizar a enchente do mundo.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Era muita paz pendente, muito desespero e euforia guardados, se manifestando em mim. E quando eu olhei para os lados, as nandinas e as glicínias me deram uma vontade imensa de ir correndo para o Japão.</i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Rrhh1oYn4nY/VFcIuOWoMzI/AAAAAAAAAHc/IOyqQhbzZnw/s1600/aya-takano-9362_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Rrhh1oYn4nY/VFcIuOWoMzI/AAAAAAAAAHc/IOyqQhbzZnw/s1600/aya-takano-9362_1.jpg" height="320" width="274" /></a></div>
</div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-16034977723958170252014-09-07T19:01:00.001-07:002014-09-07T19:02:46.574-07:00Como Freud acabou com a minha vida<div style="text-align: center;">
<i>É difícil pensar que antes de tudo. Antes de amigo, pai, irmão, marido, namorado, todos são homens. Puramente homens... Com seus desejos, vivências, manias, instintos, toda essa coisa primária.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>"Estudar" Freud só fez então a aumentar minhas frustrações. Palavras machistas e incontestáveis. Palavras que nos reduzem a seres que não são homens. Palavras que criam à nós a "Inveja do pênis." E principalmente palavras que falam sobre o desejo e a satisfação sexual Deles, e como isso envolve a dor e o sofrimento Delas.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>São absurdas, sim, mas tente contestar. Simplesmente não dá!</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Freud estragou minha vida, que agora se resume em entendê-lo e contesta-lo, e dizer que tudo isso é uma grande mentira, e que meu marido ou meu irmão realmente não sentem prazer ao ver uma mulher gemendo de dor e agonia. Mais do que isso, o mundo inteiro acabou com a minha vida. Pois Freud estava certo afinal, sobre a realidade, uma realidade que eu simplesmente não consigo aceitar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>E tudo isso está me levando à insanidade, à introversão, à instabilidade emocional, à repulsão, à dor de estômago... E tudo isso é minha culpa, culpa de todos nós, humanos errados, errantes e super interessantes.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-30580142569653369412014-08-17T15:45:00.001-07:002014-08-17T18:17:24.303-07:00A de Agonia<div style="text-align: center;">
<i>Eu queria ser umas dessas pessoas que são felizes. Que ficam doentes com facilidade e perdem o ar em meio ao pó.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Talvez aquela tenha sido a cena mais triste que meus olhos já tinham visto. Uma pessoa envolta em uma fina manta, com toda a sua vulnerabilidade exposta. Estava nua e com lágrimas no rosto, sentada no chão do banheiro a assoar freneticamente o nariz. Por lá saiam a ansiedade, a tristeza e a vida. O estresse expelia-se por sua pele e a solidão se compactava no peito, junto ao seu punho fechado e os olhos marejados. O frio e a chuva colaboravam com a melancolia que se instaurava naquele lugar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não dava para entender muito bem o que acontecia ali. Por que chorava, nem ela mesma sabia. Por que estar nua naquela temperatura só ela sabia. Por que não ligar por seus cabelos embaraçados estarem encharcados por lágrimas? Por que não se importar de estar tão vulnerável? Por que implorar-me tanto a morte?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Abaixei-me e ali fiquei a observa-la. Depois de algum tempo levantou-se e foi até o quarto; deitou-se e ali ficou, olhando para o nada e fazendo cara de paisagem.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>As pessoas falavam que o desanimo era falta de carne. Ela dizia que era excesso de vida então. Mas não importava, era o amor.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Foi deixando em carne viva todo seu peito. Sua alma não era mais límpida e cristalina, estava agora suja e despedaçada. Sem esperança, sem felicidade, consumida até os cabelos.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Eu havia visto isso tantas vezes... E tantas vezes isso se tornou cinza. Cinza em ambiente, cinza em cor, em textura, em pensamento, em vida e em sentimento.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>E eu vi isso tantas vezes... E tantas vezes o cinza se tornou vermelho, molhado e quente. Tão intenso e tão chocante que parecia até que tinha valido a pena morrer de amor.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-84578231388550438352014-06-27T20:51:00.002-07:002014-08-17T18:17:02.809-07:00Sem tempo para perder com nada<div style="text-align: center;">
<i>7 pessoas até agora... E já está quase anoitecendo...</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Todos os dias as pessoas ligam para saber as horas. Já que o Sol não sai mais, o jeito é controlar o tempo pelo relógio, nós.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>- Relógio. Tar...</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>- Ah, já é de tarde...</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Hoje foram apenas 7... A luz não diminui, nem aumenta, mas as pessoas começaram a perceber. Seja pelos olhos pesados, seja pela melancolia. Seja pela ansiedade, seja pela dor nas costas.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Os postes da calçada iluminavam toda a rua, onde estava ela, sentada e balançando freneticamente seu pé. Numa bota preta e pontuda terminava seu corpo magro, e começavam meus olhos. E os dela enxergavam o infinito, como se estivesse vesga, fitando a ponta do nariz.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Meu telefone tocou, e conversamos um tempo inteiro. Não tinha celular, nem ela, mas conversávamos mesmo assim, pela linha do pensamento. Uma crimideia que nos levaria para a tortura, mas felizmente o ano é 2054. Quantos absurdos essa mulher me dizia! O tempo não existia, como assim? Mas não tinham pessoas que viviam dele? E viver de uma coisa que não existe lá pode ser verdade?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Foi como cair num abismo sem fim... E continuo caindo no abismo de meu nome, onde, ao voltar algumas vidas, percebo que nunca se viveu por algo existente. E meus avós viviam de quê? Número em pedaços de plástico. E eu vivo de quê? Eu vivo de tempo? Mas o tempo nem existe, o tempo nada é se não mais números vermelhos em uma caixinha preta.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>E continuo caindo... no abismo de meu nome, vendo o tempo passar, as duas botas pontudas dela viradas para números sem sentido, os lábios proferindo palavra ininteligíveis, os olhos fitando o vazio incompreendível e as mão presas no além.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Hoje foram 7. Agora são 00h43. Amanhã serão mais de mil. E eu sou 8.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-79610027072523765782014-05-20T21:06:00.001-07:002014-06-01T21:35:02.789-07:00Até amanhã<div style="text-align: center;">
<i>Esse negócio de amanhã... Seria melhor se nem existisse. O mundo podia ser um prolongamento infinito dessa noite, a manhã então não seria a falsa esperança de um novo começo.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Amanhã não vai ser melhor, a manhã não virá com esperança, o cantar dos pássaros está só na sua cabeça, menina, te apressando para fazer algo de bom, algo que faça o dia valer a pena, mas qual? Se não há pena nessa tua vida de abonada, o valer não vale nada.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Que bom seria se o dia fosse uma noite sem fim, sem expectativas, sem desespero, sem melancolia, sem dia. Como ser feliz, criança, se nem a esperança foi ferida ainda? Não saberá ser feliz se um dia não for triste. O dia é preciso para decepcionar, talvez até alegrar e surpreender, mas mais do que isso, o dia é preciso para saber sonhar.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-82421627467612443232014-05-18T23:04:00.001-07:002014-06-19T19:11:20.358-07:00A esperança é a primeira que engana<div style="text-align: center;">
<i>Nem pé de coelho, trevo de quatro folhas, superstições... A cartomante estava equivocada quando previu todas aquelas coisas boas para ela.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Era tão preguiçosa, que nem se esforçava para ser feliz. Falando em ser feliz, será que algum dia você já o foi, ou quis tanto ser que achou que fosse de verdade? Mariana nem acreditava que poderia, mas queria, e quis tanto que até chegou a acreditar nas mentiras daquela mulher.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Tinha marcado paras as duas horas da tarde. Enquanto esperava, a cartomante desceu as escadas da casa e deu uma boa olhada em todas aquelas pessoas desesperançadas e infelizes, imaginando o que dizer para as convencer de que ainda valia a pena viver. "Mariana!" Ela se levantou meio acanhada e seguiu a cartomante, reparando em suas roupas barulhentas. Sentou-se frente a uma mesa pequena e redonda, coberta por uma toalha colorida, pedras e cartas. "Mariana... Um homem muito sério irá aparacer em sua vida... Daqui a uma semana, espere por notícias, não desgrude do celular! Não se preocupe, eu sei que você não o tem, mas irá ser empregada amanhã mesmo, assim terá dinheiro para comprar um. E muito em breve vai se apaixonar... Mas será algo passageiro, logo mais irá descobrir as vantagens de viver sozinha..."</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>O homem mencionado deveria ser o Samuel, ela sempre soube que não daria certo. Estava destinada a viver sozinha... E isso é uma coisa boa, não? Nem sabia, mas queria acreditar que seria feliz... Uma hora ou outra seria.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Como previu a mulher cheia de badulaques, achou um emprego. Não era um dos melhores, aliás, nem era bom, mas fazer o quê? E passaram-se meses e meses, e a paixão não vinha, mesmo com o celular nas mãos, o coração não atendia a suas expectativas. Será que morreria amargurada sem ao menos experimentar a paixão? Sem experimentar ser feliz? Seria triste por toda sua vida?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Mas que problema tem? Os dias andam tão corridos e atarefados, que ninguém mais sequer consegue sofrer direito. É só apertar o peito que já pensamos em outra coisa. "Preciso fazer algo, preciso conversar com alguém, preciso esquecer isso, preciso ser feliz." Quem disse? </i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não há mais sinceridade com os próprios sentimentos. Quanto tempo faz que ignoramos o fato de querer passar o dia sem sorrir e apenas entregar a alma e os olhos às lágrimas? Não faria mal algum em se emburrar e aceitar que a felicidade não quer mesmo ser vivida. Ou passar o dia dentro de si, envolta em sua profunda melancolia. E quem sabe em meio a tanto sofrimento consiga se achar aquela paixão e um dia voltar aquela vontade de ser feliz e viver novamente? Quem sabe a cartomante não estava mesmo certa? Homens aparecem a todo instante, mas a paixão por uma vida feliz é muito mais séria, e tal equivoco poderá ser superada pelo prazer de amar uma vida em harmonia com a infelicidade.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Estava aí sua sorte: acreditar tanto até conseguir ver felicidade na sua vida cinzenta. A cartomante não estava certa, nem Mariana era mesmo feliz, mas quis tanto ser, que fez de sua imaginação e da esperança dos outros a riqueza da pitonisa mentirosa.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-13439898793702507172014-04-19T21:49:00.004-07:002014-04-19T21:49:52.832-07:00Os lírios perdidos do campo<div style="text-align: center;">
<i>A terra seca do serrado se fez fatidicamente parte de seu cotidiano. Um ser caído e de calças largas. Seus passos sentiam cada vez menos o calor que emanava do solo craquejado, suas unhas pretas se arrastavam sobre a barba loira e os cabelos oleosos tapavam seus olhos chorosos. Mais perdido que ele só alguém que dissesse viver.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Vivia? Achava que o fazia, mas agora já sabia que perdera-a totalmente tentando ganha-la. Olhai os lírios do campo... Quais lírios? Qual campo? Não via, não podia, mas dizia que o faria, quando fosse digno de enxergar. E já o era mesmo antes de cogitar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Olhai! Não podia, mas também não ligava, era um sujeito paciente, não gostava de se evidenciar. Ficava no finalzinho, num cantinho com medo de olhar. Mas olhava e se esforçava.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>-Não vi. Se vi, perdi.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Viu. Viu? Conseguiu. Achou que eram violetas, mas não o culpemos, quase não podia ver seu próprio pé, quanto mais reconhecer os lírios em meio ao campo. Tanto calor sentiu e seu leque assim sumiu. A beleza dos lírios foi ofuscada pelo incômodo de não mais se acomodar e assim desistiu de olhar. Os lírios perdidos, porém, não deixaram de brilhar, regados pelo suor dos que não paravam de trabalhar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div>
<br /></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-87168285573032980342014-03-31T14:09:00.001-07:002014-03-31T14:09:54.113-07:00No mundo do seu colo<div style="text-align: center;">
<i>Eu choro pelo choro</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>derramado sem por quê.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Eu choro pela amada</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>que desconhecia quê</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>a fazia assim chorar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Eu choro pelo sangue</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>pulsado no partido</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>dos sofredores assim</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>tão apertados, sufocados.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Choro pela mulher</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>culpada por chorar</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>violentada no silêncio</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>obrigada a se calar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Choro pelo chorar</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>da ave embalada</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>dum emplasto endiabrado</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>sem gozar do seu cantar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não de tristeza escorre,</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>de vergonha rola</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>na lombada vermelha</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>e na terra semeia</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>na primavera um brotar</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>da revolta de lutar</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>sem nunca descansar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Uma causa perdida,</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>uma esperança cedida</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>pelas tranças no chão</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>da menina sofrida</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>do doente cidadão.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-63384594098787258122014-03-23T20:01:00.001-07:002014-03-24T10:45:46.588-07:00Marias<div style="text-align: center;">
<i>Se eu te disser sobre a Maria, você provavelmente irá me dizer "Mas... Estamos falando da mesma Maria?"</i></div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i>Há tantas Marias!</i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i>As Marias vizinhas. Fofoqueiras, cozinheiras, confeiteiras, maloqueiras, caseiras e paqueradoras. Tão normais e felizes! São o Sol de uma</i><i> rua nublada.</i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não se esqueça das Marias mães, irmãs, tias, primas, avós, amigas e filhas. Desde a avó Maria, que você jura fazer a melhor comida do mundo, até a Mariazinha, filha de um João Ninguém.</i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i>Falando em Joões... Acho que podemos deixar eles um pouco de lado por aqui, certo?</i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i>Voltemos para as Marias. Há aquelas que são até compostas. Maria-gasolina, Maria-chuteira, Maria-sapatão e Maria-mijona. Tão infelizes quanto, tão dos outros quanto.</i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i>Tão dos outros... Sofrem, gritam, lutam, choram e se machucam. E coitadas, acham que a culpa é delas mesmas. Então sorriem, aceitam, se calam e abraçam o homem, o mundo.</i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i>Tem também as Marias que são Sarah, Gracie, ou até Aoi! E nós que pensávamos que azul era cor de menino!</i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i>Tem Marias que são umas Graças! E tem Marias que são doces, de tão moles.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Mas você hem Maria, já foi até Santa, e agora limpa o chão do homem que te maltrata. Aquele homem que te ama, aquele, sabe? Que te sustenta, aquele que disse como você é boba e patética. Aquele que te bate. Lembra? Aquele homem, aquele mundo que te esmaga e reprime.</i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i>Maria... Nem sei o que dizer. Você que é todas e uma só. Por que sofre tanto? Será que é o frio? Ou é o medo que te cala?</i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: center;">
<i>Grita, Maria! Grita, solta a voz! Sua voz que é de todas nós. Somos todas Marias. Grita o M de Maria, grita o M de Mulher. Grita e traz o Sol de volta pro nosso mundo nublado e chuvoso.</i><br />
<i><br /></i></div>
</div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-44772353707865351692014-03-07T21:00:00.002-08:002014-03-23T20:15:30.920-07:00Vida<div style="text-align: center;">
<i>Qual o maior prazer da vida de um ser humano se não reclamar da mesma?</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Há tempos senti uma melancolia incrivelmente forte. Começara em minhas pernas fracas e cansadas, e passou logo para os pulmões. Acabei por esquecer como antes nem os percebia ali. Trabalhavam tão bem! Agora, como se invejassem as estruturas que me mantinham em pé, trabalhavam devagar e preguiçosos.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Acontece que era muito amada, e quando digo muito, quero dizer em demasia, amor que transbordava os limites do bom senso. Era mesmo como uma típica garotinha mimada e temperamental. Mas fazer oque? Fazia assim, e assim tinha que aceitar, me amava! Tão amada fui, que tal sentimento me trouxe ao que sou hoje, melancólica até os cabelos.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Não mentirei, tirava sim proveito de toda atenção. Que mal tinha? Me adorava! Mas tanto amor, tanta atenção, tanto cuidado, tanta preocupação, tanto tudo me irritavam. Comecei a trata-la mal, afinal, se fosse do meu jeito, importaria? Eu era amada!</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Quanta melancolia... "Que pessoa em tal condição reclamaria da vida?" você perguntaria. A eterna busca humana não é mesmo o amor? E nem eu poderia dizer que tal exagero me trouxe ao que sou hoje...</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Mas se não a tivesse, não reclamaria. A beleza da vida é mesmo esta, reclamar da dona, questiona-la, sobreviver com seu fardo e ama-la. Amar até não restar mais amor por nenhuma parte. Quando a melancolia e o ócio tomarem a alma e os cabelos, quando os pulmões pesarem, quando os olhos secarem e quando o coração se desabilitasse.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Tanta abundancia de um sentimento apenas me pesou tanto, que desisti de carregar tal fardo. Ela tão irritada e desapontada, mais triste que eu, disse que desistiria também. Mas como previsto, o apreço era tanto que não conseguira. Continuou amando, continuei me esquivando e me escondendo na melancolia.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Confesso que a amava também, tanto que quando resolveu partir, tomei de bom grado sua decisão, seria ela enfim livre para o amor próprio. E eu, sem mais do que reclamar, comecei a escrever.</i></div>
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<br /></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-532508660516985812014-03-04T18:17:00.000-08:002014-03-04T18:20:39.961-08:00Nu<div style="text-align: center;">
<i>Para uns ela era um bolinho com pedaços faltando. Uma frase mal construída. Me recordo de ouvir alguém a definir como um fantasma das dimensões. Mas ela se considerava mesmo apenas feliz.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Luiza estudou comigo a maior parte do colegial, não era bonita, mas sua aparência não era especialmente desagradável. Oque matavam mesmo eram seus olhos. Eram olhos pesados, não transmitiam sentimentos e pareciam ter perdido o brilho da vida. Olhos baixos de peixe morto. E eu a odiava tanto.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Não por sua aparência, mas simplesmente por ser do jeito que era. Como se não estivesse em lugar algum e soubesse de tudo sobre todos os lugares. Os das almas, do mundo, das Américas e dos pensamentos. Aqueles olhos pareciam ler sem tropeço até as linhas mais borradas da nossa vida. E dela nada sabíamos.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Algumas pessoas aceitavam que não a entendiam mesmo, para elas, Luiza era apenas uma garota estranha. Outras nem se davam ao trabalho de olhar. E eu me importava tanto que até achei que fosse amor.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Não tivemos aula numa quarta, pois ela havia sido assassinada. Na TV, o repórter falou "Luíza Moreira de 16 anos foi brutalmente assassinada ontem na porta de sua casa. Sua mãe disse que ela era uma garota feliz e não tinha desavenças com ninguém." Ela era uma garota feliz...</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Na semana seguinte foi como se nada tivesse acontecido, e isso me incomodou profundamente. Como não sabiam muito sobre ela, não tinham sobre oque falar. Mas mesmo assim eu ainda me importava.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>No final, tudo oque eu soube daquela garota opaca e reservada é que era feliz, apesar de carregar o fardo dos corações do mundo. E eu carregava-os ao dobro, pois por ela tinha paixão, não era mesmo amor, era profunda fascinação.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-43790398618406706932014-02-20T10:23:00.001-08:002014-02-20T17:53:14.069-08:00Pequenas melodias<div style="text-align: center;">
<i>Vocês não vão acreditar no que aconteceu!</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Eu estava no banho e comecei a ouvir umas vozes, achei que fossem meus pais, então não dei muita atenção. Quando saí do box, ouvi uma melodia no teclado do meu quarto, não uma melodia gravada, mas alguém tocando de verdade! Me enrolei na toalha e fui correndo ver quem era. Meus olhos nunca se questionaram tanto, não sabia se era realidade ou se estava enlouquecendo... Dois duendes!</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Estavam com roupas iguais, mas haviam várias diferenças entre eles, como a barba de um e o nariz do outro, ou o tamanho das suas orelhas. O barbudo estava em cima, sentado nos ombros do de nariz estranho, as pernas soltas sobre o tronco e as mãozinhas dançando sobre as teclas. O de baixo não parecia se importar, muito pelo contrário, parecia adorar aquilo tudo, não se via mesmo como um "apoio" mas como o apreciador mais importante daquele concerto.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Fiz de tudo pra não ser notada, a melodia era tão vibrante e emocionante, nem parecia o mesmo teclado que reproduzia músicas minhas com tempos horríveis e notas bagunçadas. Quando terminou, vieram os dois na minha direção enquanto seus corpos ficavam mais e mais transparentes a cada passo até desaparecer na porta. Não sei se me viram ou não, se tocava por mim ou não, mas sei que um dos duendes estava errado</i><i>. O apreciador mais importante daquele concerto era mesmo o meu teclado.</i></div>
NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-28611916735071054732014-02-11T17:31:00.002-08:002014-02-11T17:31:54.038-08:00Sem saída<div style="text-align: center;">
<i>Quando cheguei, achei super estranho estar tudo escuro, normalmente lá se encontravam minha irmã e o Bob vendo TV ou lendo, mas essa noite, nada. Fui até o quarto da Lívia e achei-a deitada em sua cama, mergulhada em sonhos. Suas bochechas estavam vermelhas e molhadas, tinha chorado, porque eu não sabia, talvez nem ela soubesse, os sentimentos as vezes tomam caminhos estranhos e desconhecidos. </i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Esses caminhos... Faziam o coração arder em chamas e nem ao menos davam uma razão pra isso, é uma tremenda ingratidão do nosso corpo. Poxa, a gente trata ele tão bem pra sofrermos incessantemente sem nenhuma explicação. Isso realmente não é justo.</i></div>
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<i>Ah, que vida miserável eu vivo, sempre saindo de casa às seis da manhã, que com esse horário de Verão ainda mal vemos a luz do Sol. Votando só às onze da noite quando minha alma não aguenta mais tanto calor e minhas juntas já quase se desmancharam em suor. Pra quê? Conseguir a vida. Enquanto ela está bem ali, oferecendo-se de graça, nas estrelas que ofuscamos com as luzes da cidade ou no azul das águas ofuscado pelo azul das notas de cem.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Será que não sabemos mesmo por que sofremos tanto? Por que nosso peito arde e sufoca tanto? Claro que sabemos, sempre soubemos. Só queremos evitar entrar mais a fundo nos caminhos que o sentimento escolhe. Caminhos estranhos e sombrios. Os piores caminhos. Caminhos que sabemos de cor mas evitamos fazer sempre, pra evitar que soframos ainda mais.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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NahLianahttp://www.blogger.com/profile/16586662250660147149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638778088254071351.post-74433405993416292842014-01-18T18:52:00.001-08:002014-01-18T18:54:32.296-08:00Morreu?<div style="text-align: center;">
<i>Eu queria morrer! É toda essa coisa de adulto, sabe? Empregos, estudos, jornais. Ah, nem sei mais... Virei fantasma, fantasma sentimental.</i></div>
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<i>Eu queria morrer! E chorei, e gritei, e questionei tanto... Por que tinha que sentir meu coração queimar daquele jeito? O que eu havia feito de errado para manchar minha vida como fiz?</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Ah, nem sei mais... Acho que estava morrendo mesmo de tristeza.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Parei. Do nada parei. Aceitei ir com a morte até Deus ou até o Diabo que nos segue. Disse adeus e tudo. Respirei fundo me endireitando e já não sentia mais coisa alguma além de paz e ar. Mesmo assim chorava, mas chorar assim por que não sabia mais.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Foi como se os sentimentos escuros tivessem se esvaído pelas costas. Os escuros e todos os outros. Se foram tão furtivamente que nada mais sentia.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>A paz foi tanta que achei realmente ter morrido. E morri mesmo de tristeza. Morri até os cabelos.</i></div>
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