domingo, 30 de dezembro de 2012

Coração de cetim

Não há noite que se passe sem eu o ter em sonhos meu amado.

Fiquemos em silêncio então pela morte do romantismo. Poderia a arte plagiar menos a vida? E a vida fazer da arte romântica sua realidade mais constante? Oh! Claro que não poderia. Paixões e amores assim como o nosso seriam então menosprezados pelos demais.

Paixões tão ardentes como chamas recém acesas e amores tão sinceros que nos fazem eternos, eternos assim como se realmente não fossemos envelhecer ou perecer diante a morte. Pois você é o principal causador de todos os meus sentimentos, e isso é inevitável. Todas as vezes que choro, são por você, e todas as vezes que não me aguento de tanta alegria são por você, sempre você meu amor. Tornou-se imortal em minhas lembranças.

Diga-me que tens este dia, e somente este antes de sua morte, e o tornarei o melhor de sua vida, assim como sempre faz com a minha.

A felicidade me transborda. É tanta e tão intensa que acabo por deixar escapar de meu coração e escorrer pelos olhos. As palavras de amor que aqui escrevo são todas aquelas que cabem em um simples "Eu te amo", ou um beijo ao se despedir, tais palavras que o nó em minha garganta não me deixa proferir.



sábado, 22 de dezembro de 2012

Bordas centrais


Via na moldura dos quadros expressionistas mais perturbadores, a borda de um espelho qualquer. Sua vida era estranha, bagunçada, as vezes bonita, muitas tantas profunda, e tinha gente que conseguia tirar algo bom daquilo tudo, tinha gente que chegava, e marcava com um cuspe, ou uma mancha de dedo num formato qualquer. Tinha gente que só olhava, e gente que criticava sem ver.


E ela? Como será que se sentia perante a isso? Será que o sentir dela teria alguma importância afinal?

O olhar marejado se escondia no asfalto. As bochechas e olhos escarlate, contrastavam com a paisagem cinza ao seu redor. E suas lágrimas, deixavam rastros de puro arrependimento.

"Mas na verdade, ninguém sente arrependimento por nada. Na verdade, tomados pelo egoísmo, todos pensam que nunca erraram ou vão errar. Todos estão podres, são todos miseráveis, sujos. Me dão desgosto."

Fugir, claro, é oque fazia todas as noites, fugia pra debaixo das cobertas, e consolava-se em pensamentos melancólicos, afogava-se em águas salgadas demais até chegar ao paraíso dos sonhos.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Tão simples

Acordou, lavou o rosto, e foi ler alguma coisa. Cansou-se, foi preparar uma xícara de chá e uma garrafa de café.

Era seu dia de folga, só queria descansar, e curtir seus fantasmas do dia-a-dia.

A campainha tocou, mas não saiu para ver quem era, como eu disse, era o dia de folga dela...

Tomou o chá, e continuou lendo o livro. De tão entediada, permitiu-se ligar a televisão, ver o que de mais escroto passava por ali. Achou tão feio o que via... Foi tomar banho. Saindo, postou-se a frente do computador, sentia o corpo fraco, talvez estivesse pegando um resfriado.

"Almoçou", "jantou", qualquer coisinha que nossa mãe nunca consideraria uma refeição. E entregou-se por completo, finalmente, aos devaneios de sempre.

Foi dormir, sem proferir nenhuma palavra desde que saíra da cama. Tanto era o barulho dentro de sua cabeça, que nem percebeu.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Antes do céu existir

- Vou te apresentar ao Cláudio. Não o conheço muito bem, mas sei que lhe fará mais feliz do que eu pude fazer. Agora vá tomar um banho, faça-o como se fosse seu ultimo, e depois assista seus dois filmes preferidos, durma no meio do segundo, e acorde sem pensar em mim.

Ela o fez, sem entender o motivo pelo qual Leandro fazia isso, se dizia que a amava tanto, por que jogá-la nos braços de outro?
Ela o fez, sem saber que Leandro sofria incessantemente, e o fazia, apenas para vê-la feliz.

(Fui almoçar)

Quis matar a todos quando acordou. A raiva que sentiu ao ver o Sol tão brilhante entrando pela janela era tamanha, e a irritava tanto não ter conseguido assistir um dos seus filmes preferidos até o fim, que desejou que um caminhão entrasse voando bem em sua sala.

(Sai, voltei, sai, voltei, chorei)

"Ele tem cabelos azuis, tatuagem no pescoço e gosta de desenhar. Encontre-o no terraço."
Dizia a mensagem de Leandro em seu celular.

Furiosa, ela subiu, todos aqueles degraus, todos aqueles intermináveis degraus. De tão cansada, esqueceu que estava com raiva. Abriu a porta que dava para o terraço, e avistou uma pessoa. Cabelos azuis, desenhando o céu, assim como dissera Leandro.