quarta-feira, 15 de junho de 2016

"Desfrutem aí dessa bagunça"

Me posicionei bem em minha cama, coloquei pra tocar a trilha sonora do meu desenho preferido e procurei as palavras certas para colocar aqui. A procura foi porém cansativa e triste, pois pior do que sentir tudo o que sinto é saber que não há palavras que possam transcrever tamanha decepção e tristeza.

Todos os dias me sinto tão imersa nas injustiças do mundo, tão indignada com a vida e os rumos que a mediocridade humana toma. Todos os dias me sinto extremamente triste por não encontrar resquícios reais de amor, honestidade e bondade. Mas sequer consigo me posicionar diante disso. Talvez por medo ou fraqueza, não sei. Só sei que constantemente meus olhos marejam, minha garganta aperta e meu peito queima, e a única coisa que peço é que todos consigam enxergar o quão vis estão sendo. 

Sempre que vou ao médico, tenho um enorme desejo de que ele possa sentir o que eu estou sentindo, pois muitas vezes simplesmente não é possível descrever como é a dor que sentimos, se é como uma pontada, uma pulsação, uma ardência... As vezes só dói de um jeito que não da pra explicar! Ou dizer quando dói mais ou qualquer outra coisa. E qualquer resposta me deixa apreensiva, e se eu caracterizar meus sintomas de um jeito errado e por isso algum câncer maligno não for diagnosticado? E se por isso ele me receitar um remédio errado que agrava mais minha doença?

Eu ia escrever, e antes de apagar toda essa tentativa sem nexo algum,eu... Bom, eu não vou apagar mesmo, então desfrutem aí dessa bagunça.

Blur

Eu só queria minha vida de volta.

Não lembro muito bem, mas creio que a maioria dos textos que escrevo para o blog não estão em primeira pessoa, mas esse aqui é um grito no meio do escuro que eu não podia mais segurar.

Fazem alguns anos que deixei minha vida lá num cantinho frio enquanto vivia uma novinha que era de nós dois. Como já disse, qual a graça da vida se não reclamar da mesma? E com essa não podia ser diferente. Fui vendo-a se despedaçar pouco a pouco, ficar suja e bem machucada, mas ainda gostava dela, gosto na verdade, reclamava sim quase sempre, mas era minha, nossa vida agora. 

Quando criança, tinha um tênis que eu amava demais, estava sempre o calçando, mesmo quando a sola furou no calcanhar e ele já estava bem velhinho continuava usando-o, mas um dia descobri que minha mãe havia jogado o par de tênis no lixo pois estavam gastos demais... Fiquei muito triste mas depois me conformei e entendi, por mais que gostasse daqueles sapatos, usá-los gastos não fazia o menor sentido. Acho que muitas coisas podem ser comparadas a usar um sapato gasto, muitas vezes insisti pra que algo desse certo, apenas porque gostava muito de alguém e havia passado momentos maravilhosos ao lado dessa pessoa, mas assim como qualquer coisa, as relações se desgastam, as pessoas mudam e se distanciam, as ideias começam a divergir e de repente nos vemos caminhando por trilhas diferentes, e de nada adianta conservar um relacionamento aos trapos.

Porém é difícil e doloroso decidir se livrar do par de sapatos preferido, assim como o é se despedir de alguém. A dor da morte e o medo do desconhecido... No momento soluços tomam conta da minha garganta e as lágrimas esquentam o meu rosto, estou morrendo de medo e me derretendo em tristeza, odeio despedidas. Mas não precisa ser mesmo uma, certo? Ninguém sabe bem os sapatos novos que um dia terão, e ninguém sabe bem se não seria melhor apenas trocar as solas do sapato velho. Independente da resolução, sigo com meu luto precipitado.