quarta-feira, 11 de julho de 2012

Entre um herói e outro

Odeio hálito de fumantes. Me lembram velhos nojentos e descarados. Mas o dono daquele hálito, o dono daqueles lábios que me beijavam tão carinhosamente, era jovem e esguio.

Enfim, cedi e acendi um cigarro em minha boca, até ficar com o mesmo cheiro cinzento que tão pouco me agrada. Nos amamos numa amargura indistinguível, até nossos pulmões semi falecidos se sentirem vivos novamente.

Entreguei meu corpo àquele que me ofereceu o mais singelo elogio. Agora sofro com o vazio que só faz a crescer em meu peito... Um vazio que não pode mais ser disfarçado com caras de uma noite encontrados nos diversos lugares dessa cidade.

Mas por que há tantas pessoas fúteis e desgraçadas nesse mundo? Me pergunto se um dia acharei a pessoa que merecerá compartilhar minha profunda melancolia, meus desejos mais insanos, minha estranheza sem fim... Ou seria melhor continuar a viver sozinha, nessa quitinete minúscula e imunda, me consolando com vinho barato e transas convencionais com desconhecidos.

Tudo oque agora era de meu conhecimento, escapava-me entre os dedos. Eu estava ficando burra, estava prestes a me entregar aos sentimentos, quando em sonho, um ser inextinguível raspou meu cabelo, como se tirasse da minha mente todas as perguntas que tanto me atormentavam. Incrivelmente, ao acordar, o mundo não parecia mais tão claro a ponto de se tornar ridículo.

Os vinhos envelheceram... E eu finalmente me aceitei como uma pessoa, um ser humano.

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