terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sem saída

Quando cheguei, achei super estranho estar tudo escuro, normalmente lá se encontravam minha irmã e o Bob vendo TV ou lendo, mas essa noite, nada. Fui até o quarto da Lívia e achei-a deitada em sua cama, mergulhada em sonhos. Suas bochechas estavam vermelhas e molhadas, tinha chorado, porque eu não sabia, talvez nem ela soubesse, os sentimentos as vezes tomam caminhos estranhos e desconhecidos. 

Esses caminhos... Faziam o coração arder em chamas e nem ao menos davam uma razão pra isso, é uma tremenda ingratidão do nosso corpo. Poxa, a gente trata ele tão bem pra sofrermos incessantemente sem nenhuma explicação. Isso realmente não é justo.

Ah, que vida miserável eu vivo, sempre saindo de casa às seis da manhã, que com esse horário de Verão ainda mal vemos a luz do Sol. Votando só às onze da noite quando minha alma não aguenta mais tanto calor e minhas juntas já quase se desmancharam em suor. Pra quê? Conseguir a vida. Enquanto ela está bem ali, oferecendo-se de graça, nas estrelas que ofuscamos com as luzes da cidade ou no azul das águas ofuscado pelo azul das notas de cem.

Será que não sabemos mesmo por que sofremos tanto? Por que nosso peito arde e sufoca tanto? Claro que sabemos, sempre soubemos. Só queremos evitar entrar mais a fundo nos caminhos que o sentimento escolhe. Caminhos estranhos e sombrios. Os piores caminhos. Caminhos que sabemos de cor mas evitamos fazer sempre, pra evitar que soframos ainda mais.


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