sábado, 7 de setembro de 2013

Os bancos precisam de almofadas

Sentou-se naquele banquinho de madeira, rude demais para suas tão delicadas almofadas. Juntou as pernas dobradas com os braços magrelos, e sua face faceta apareceu por cima de seus joelhos.

Eu estava absurdamente apaixonado, perturbadoramente fascinado por aquela menina de suor tão puro quanto a água, poderia viver só dela. Seria minha felicidade, meu sofrimento, meu alimento, meu entretenimento, meu tudo.

Como me encantava suas feições, sabia que tinha apenas quatorze anos, mas se mostrava como uma mulher madura de vinte e poucos. E quando me beijava no pescoço, podia ver perfeitamente a forma de seus seios seguros do encanto que causavam.

Passou-se o tempo, vimos-o passar juntos, e seus vinte e poucos anos chegaram, e meus quarenta e tantos também. Não era velho quando a conheci, se você como eu pensa que trinta e cinco é o ápice da vida, mas a diferença era gritante, ainda mais agora, com rugas em volta dos olhos e o sorriso marcado. Meus cabelos grisalhos exitavam minha menina, claro, mas bem, não vou comentar como seu corpo adulto me exitava ainda mais...

Minha menina amava com tanta sabedoria que fazia-me parecer um garotinho, me sentia com quatorze e ela com quarenta e tantos, e assim até a senhora morte se fez acreditar, levando-a antes de me carregar em seus braços de fumaça.

Profundamente desolado, como faria agora? Não tinha mais meus sentimentos, nem meu alimento, nem nada. Virei um vazio em forma de bicho homem. Implorei com tanto ardor pra senhora fumacenta me levar que caiu a rir. "Patético" ela disse, "Não teria coragem de morrer". Como não? Se sentia-a me morto já naquele momento? "Por favor" implorei incansavelmente, então dançamos. Dançamos tanto e tão entretido fiquei que me sentia vivo novamente, quando cai nos braços magrelos de alguém. Era minha menina.

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