sábado, 22 de dezembro de 2012

Bordas centrais


Via na moldura dos quadros expressionistas mais perturbadores, a borda de um espelho qualquer. Sua vida era estranha, bagunçada, as vezes bonita, muitas tantas profunda, e tinha gente que conseguia tirar algo bom daquilo tudo, tinha gente que chegava, e marcava com um cuspe, ou uma mancha de dedo num formato qualquer. Tinha gente que só olhava, e gente que criticava sem ver.


E ela? Como será que se sentia perante a isso? Será que o sentir dela teria alguma importância afinal?

O olhar marejado se escondia no asfalto. As bochechas e olhos escarlate, contrastavam com a paisagem cinza ao seu redor. E suas lágrimas, deixavam rastros de puro arrependimento.

"Mas na verdade, ninguém sente arrependimento por nada. Na verdade, tomados pelo egoísmo, todos pensam que nunca erraram ou vão errar. Todos estão podres, são todos miseráveis, sujos. Me dão desgosto."

Fugir, claro, é oque fazia todas as noites, fugia pra debaixo das cobertas, e consolava-se em pensamentos melancólicos, afogava-se em águas salgadas demais até chegar ao paraíso dos sonhos.


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