sábado, 15 de outubro de 2011

Diário de Clarice

Esta frio la fora, mais uma daquelas oscilações típicas de toda estação. Mas continuo a observar, como um animal estuda a sua presa, sedento, porém tolerante.

Esse horário de Verão me deixa inquieta. Faz 2 minutos que estou te vendo no meu quarto, ou 62 minutos, como preferir. Posso te tocar, te beijar, te abraçar, te dizer coisas que só nós entenderíamos. Nós. Mas nada disso é real. Ter uma imaginação fértil nessas horas só faz a aumentar minha tristeza.

Tinha olhos místicos que encaravam como se fossem me devorar, o Sol batia nele suavemente, parecia uma criatura celestial, não fosse pela imperfeição humana que o tomava por completo. Mesmo assim, tirou de mim o ar, e de brinde fez minha face enrubescer-se toda. Que idiota eu fui. Com a mão direita, movimentei dos olhos para trás da orelha uma mecha negra de cabelo, não por incomodo, por pura vergonha. E com a esquerda, apertava fortemente o corrimão enquanto subia os 15 degraus restantes, em um momento de loucura  pude ouvi-lo gemer de dor. A tentação de virar e espiar pelos ombros, ver se aquele ser encantador continuava lá era tamanha, mas não o fiz, continuei subindo, enquanto as borboletas no meu estomago se agitavam.

O céu permanecera laranja, o Sol continuava a se pôr, mas no meu coração, tudo estava diferente.
Foi paixão. Com certeza foi.

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