quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Breve história antiga

Cheguei!!!!!
O grito ecoava toda a noite, e enchia o palácio de felicidade e inquietude, quebrando o tédio que la reside até às 18:00.

- Bem vindo de volta papai. Como foi o dia?_ dizia docemente Sophye, uma graciosa garota de temperamento forte.
- O de sempre minha querida filha, não quero aborrecer-lhe com meu dia tedioso. Mas acabo de lembrar-me de um caso inusitado ocorrido hoje._ seu rosto enrugado de meia idade se esticou em um sorriso de satisfação.
- Oh não, não diga isso. Nunca é um aborrecimento de minha parte ouvir como anda a vida do senhor. Agora conte-me o que aconteceu de tão inusitado.
- Certamente lembra-se da Sra. Burts não é? Aquela dos galos.
- Certamente que sim. Os galos dela cantam a madrugada inteira. Oh meu Deus, ninguém consegue dormir nesse palácio.
- Isso mesmo querida._ suas grandes e escuras olheiras já diziam por si só_ Estava a ponto de iniciar meu trabalho, quando vejo a Sra. Burts vindo em minha direção, não tardei a cumprimentá-la. O diálogo fora quase assim: "Bom dia Sra Burts." "Bom dia Sr. Midleton. Ora desculpe-me dizer, mas está com a aparência horrível!" "Evidente que sim, suponho que seja pelo canto de seus galos à altas horas da madrugada. Oh, eles não perdoam ninguém!" "Esta supondo que meus galos, meus lindos galos são barulhentos? (seu rosto era de indignação profunda)" "Claro que sim. A senhora não acha?" "Ora seu!"
- Papai! Mas o qu..._ Papai não a deixou falar.
-Deixe-me terminar primeiro filha. Não tardou para que o dono da fazenda fosse ver o que raios estava havendo ali na porta de sua propriedade. Chegando lá avistou um senhor de meia idade em ótima forma_ referia a si mesmo_ discutindo com uma senhora velha. Fui demitido. _ dizia tais palavras como se fossem as mais comuns do mundo. Como "acabou o leite".
- Um senhor de 50 anos agindo como se fosse um adolescente de atos inconsequentes. Não tem vergonha papai?
- Claro que não Sophye. Sabe muito bem que meu espírito é jovem, sou velho só na idade. E além do mais, a vida é curta demais para ficar lamentando atos inconsequentes.
- Ai papai. O senhor não muda mesmo.
Um abraço apertado e carinhos encerrou a história. De nada adiantava levar aquela conversa adiante.

Steve Midleton era um homem rico de meia idade. Não necessitava trabalhar, porém seu espírito jovial o impedia de ficar em casa a espera da velhice e consecutivamente a morte. Enérgico e muito entusiasmado, realmente parecia um garoto de 17 anos, inteligentíssimo, provia da maior sabedoria de todas, a sabedoria de saber viver. Vivera, tivera uma filha, linda de olhos amendoados, e morreu.

Havia um corpo deitado no sofá da biblioteca, e havia uma garota de olhos amendoados que acabara de chagar.
- Papai, os galos estão novamente a cantar._ ouviu-se o riso inocente ecoar pela sala.
Pobre garota.
Não houve nenhuma resposta. mas seu coração sentiu, um estrangular torturante.
-Papai?_ chegou mais perto a ponto de não ouvir sua respiração, a ponto de sentir sua pele dura e gelada. Não preciso dizer que a garota entrou em pânico.
-Papai acorde! Papai! Ouça, esses galos não estão me deixando dormir! Ouça! De um jeito neles Papai! Por favor Papai! Por favor!!!!!
Seu rosto se banhava em lágrimas, sua garganta era só soluços, e o desespero a tomava por completo. Sabia que um dia isso viria a acontecer, oque não sabia é que seria tão insuportável.
Pobre garota.

Entre os dedos duros a arroxeados, uma carta.

"Querida Sophye.


Tive que partir cedo demais, meu espírito era jovem como todos sabem, porém, meu corpo já estava gasto, e o câncer só vinha a piorar. Desculpe-me por não ter contado antes sobre a doença.
Há 2 anos descobri que meu fígado desenvolvera um tumor maligno. Me deram o prazo de 1 ano. Resolvi usar o tempo a meu favor, e vivi, como a vida deve ser vivida. De nada adiantaria permanecer mofando em uma cama. O câncer não estava se desenvolvendo com tanta rapidez como os médicos previram, mas de um ano para cá, cresceu de forma incontrolável, me pondo no estado que aqui estou agora.
Só quero que saibas, filha, que tu és meu bem mais precioso, e que meu amor por ti nunca, digo e repito, nunca se acabará. Não estou mais aqui, mas saiba, que aonde eu estiver, estarei olhando por ti, te guiando da maneira mais suave para os melhores caminhos e zelando por sua felicidade.(Nessa hora as lágrimas em seus olhos aumentaram de um modo que quase a impediu de ler o restante da carta)
Desejo que goze da vida tudo oque ela tem a oferecer, e que sempre tenha esse seu lindo sorriso no rosto.


Te amo muito, e sempre te amarei."


Lá estava a garota, curvada sobre o corpo do pai falecido.
Cheguei!!!!! Ecoava na entrada principal. Um ecoar gritante, silencioso e torturante.

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